Separamos alguns bons exemplos de companhias que não conseguiram acompanhar as tendências e, mesmo tendo boas ideias, tiveram prejuízos
O mercado tecnológico funciona em velocidade muito acelerada. Não é à toa que muita gente reclama dos lançamentos de celulares, placas de vídeo e outros gadgets que surgem todo ano.
Agora, pense que tudo o que chega até você é projetado, fabricado e testado anos antes da comercialização. Às vezes, é preciso dois, três ou até cinco anos para que algo saia do papel.
É justamente durante esse período que algumas empresas, conforme dizem no popular, “dormem no ponto” e perdem o bonde. A história já é de longa data e uma companhia nunca aprende com o erro da outra.
Com ideias geniais, que passaram por todo um processo de desenvolvimento, pesquisa, adaptação, design e longos estudos, as fabricantes tendem a apostar suas fichas para que um determinado projeto possa ser executado até o fim e seja o mais rentável possível.
Acontece que nem sempre o mercado reage da forma esperada. Nenhuma companhia está livre de falhas e, quando as decisões dependem do consumidor, que pode aceitar ou rejeitar um produto, todo o cenário muda de figura. Hoje, vamos conferir algumas das tantas empresas que já experimentaram o gosto da derrota por insistirem em ideias sem futuro.
1. RIM
Para começar bem nossa lista, temos uma das maiores fabricantes de telefones celulares do mundo — quer dizer, ela era uma até que teve a ideia de não acompanhar o mercado. A RIM (Research In Motion) reinou por muito tempo com seus aparelhos especialmente voltados ao mercado corporativo.
O teclado dos aparelhos BlackBerry foi inegavelmente um grande marco na história dos dispositivos mobile, mas uma única inovação não é capaz de manter uma empresa por muitos anos no topo. Devido à insistência em seus aparelhos antiquados, a RIM foi perdendo mercado aos poucos.
Recentemente, a companhia lançou o Z10, aparelho que vem com tela grande, sem teclado físico e com uma configuração de hardware poderosa. Apesar de finalmente criar um gadget competitivo, a BlackBerry acabou vendo que toda sua estratégia foi muito errada ao longo dos anos, algo que culminou em um grande prejuízo que quase a levou à falência.
2. Nokia
Ninguém pode negar que a Nokia pisou feio na bola durante um bom tempo. Assim como a BlackBerry, a ideia da fabricante finlandesa era se manter firme no mercado com seu próprio sistema e seus softwares inovadores.
Infelizmente, o Symbian foi de mal a pior e nunca foi capaz de se igualar aos concorrentes. Mesmo tendo uma imensidão de apps, o software adquirido pela Nokia simplesmente não tinha os requisitos necessários para competir.
Resultado: após longos anos de insistência, a Nokia se convenceu de que o melhor era apostar em um sistema de terceiros — no caso, o Windows Phone. Muitos desacreditaram e desdenharam dos produtos, mas o sistema da Microsoft realmente surpreendeu e foi capaz de conquistar o público. Hoje, a Nokia é da Microsoft e os negócios vão bem.
3. Microsoft
Nascido lá em 2000, o Windows Mobile era um grande sucesso, principalmente porque oferecia o pacote Office e tinha interface similar à do sistema operacional para computadores. O software da Microsoft evoluiu com o passar dos anos e recebeu compatibilidade com as mais recentes tecnologias, mas isso não foi suficiente para fazê-lo ter chances contra o iOS.
Apesar de notar que a Apple tinha virado o jogo, a Microsoft resolveu insistir em seu antigo sistema para portáteis. Acontece, contudo, que a companhia não havia percebido que outro grande concorrente estava na jogada: o Android. Finalmente, a Microsoft lançou o Windows Phone em 2010, mas, aparentemente, já era muito tarde.
O sistema que hoje está se reerguendo não teve muita chance contra o iOS e o Android. O produto da Apple era forte e continua vendendo bem, enquanto o software da Google — que não era grande coisa — cresceu e se tornou o sistema dominante. Felizmente, a Nokia salvou a Microsoft, que agora vai lançar mais uma importante atualização para o WP.
4. AMD
Quem conhece a AMD de hoje não sabe que ela foi responsável por diversas inovações nos processadores. A companhia, que já foi conhecida pelo alto desempenho que oferecia em jogos e aplicativos robustos, teve seu sucesso abalado com o passar dos anos. Ao apostar em uma arquitetura que não era competitiva o suficiente (Bulldozer), a empresa perdeu mercado.
A falta de uma boa atuação da AMD no setor de marketing e de parcerias levou a Intel a ter espaço de sobra para fazer o que bem quisesse com o mercado. A sobrevivência da AMD veio principalmente das placas de vídeo e dos preços que são bem competitivos.
Hoje, a AMD está em ascensão novamente com suas APUs (uma ideia que a empresa vem trazendo de longa data) que são capazes de superar os produtos de mesma categoria da Intel. Além disso, a fabricante ganhou notoriedade ao equipar o PlayStation 4, o Xbox One e o Wii U com seus componentes.
5. Intel
A Intel é dominante no setor de processadores para computadores, mas a companhia não teve a sacada de apostar cedo no setor mobile. Depois de alguns anos de Android, vimos um ou outro gadget com processadores Intel, porém a empresa jamais deixou de fazer questão de continuar com sua arquitetura x86 no setor dos portáteis.
Além disso, a inovação em processamento gráfico também não foi algo que a empresa levou a sério. Apesar de ter evoluído consideravelmente, a companhia não tem chance contra a AMD. Claro, a Intel não fracassou exatamente, mas com certeza ela demorou um bocado para investir nessas duas áreas em que ela demonstra grande interesse.
6. SEGA
A SEGA fez tudo certinho. Tinha seus próprios consoles, seus jogos de sucesso e boas ideias para dominar o mercado. O Dreamcast não foi o sucesso que a companhia esperava no Oriente, mas apresentou ótimos resultados no Ocidente. Na verdade, todos sabem que este era um console que estava à frente de sua época.
Infelizmente, mesmo tendo os ingredientes corretos e recursos que as concorrentes não tinham, o Dreamcast acabou não aguentando o sucesso do PlayStation 2. Com a Nintendo e a Microsoft na jogada, a situação foi de mal a pior e o video game foi abandonado em 2001. De lá para cá, a SEGA vem produzindo games e tem mostrado ótimos jogos e bons resultados financeiros.
7. Nintendo
A dona do Mario sempre foi uma empresa inovadora e adorada por uma legião de fãs. Ao longo de sua carreira, a companhia teve alguns altos e baixos. Alguns erros foram notáveis, mas, para cada mancada, a empresa sempre tinha uma carta na manga.
A verdade é que, depois que o Wii foi um tremendo sucesso de vendas, a Nintendo acreditou realmente que a diversão era tudo o que importava. Assim, a companhia investiu em um hardware mais simples (no mesmo nível do PS3 e Xbox 360) e em um tablet proprietário. Resultado: o Wii U está levando a Nintendo para o buraco.
Nem tudo está perdido, mas a companhia parece um pouco desorientada e tem até ideia de apostar na área da saúde. Não há como prever como ela reagir, porém não há dúvidas de que o setor portátil é a grande salvação. De qualquer forma, se nada der certo, a Nintendo pode seguir o caminho da SEGA.
8. Blockbuster
Não é novidade alguma que as locadoras estão falindo. Devido aos inúmeros meios de download, planos de TV a cabo e serviços de streaming, os negócios ficaram difíceis para muitos estabelecimentos que apostavam no aluguel de DVDs e Blu-rays. A Blockbuster é uma dessas locadoras que acabou vendo seu império ir pelo ralo.
O problema é que, enquanto o fechamento de uma locadora de bairro tem um prejuízo considerável e força uma pessoa a arranjar um novo emprego, a falência da Blockbuster significa a perda de milhões de dólares, afinal, trata-se da maior rede de locadoras dos Estados Unidos. O problema nesse caso especificamente não são as atitudes do consumidor, mas a falta de posicionamento da empresa.
A Blockbuster sabia desde o começo que os meios digitais poderiam abalar seus negócios, e considerando que tinha condições financeiras, ela poderia muito bem adquirir a Netflix ou abrir uma rede concorrente que teria chances de dominar facilmente o mercado, ainda mais se a companhia tivesse a ideia de levar seus clientes para o serviço digital. Só para constar: ano passado, a Blockbuster fechou suas últimas lojas e apostou no serviço Blockbuster On Demand.
9. Kodak
O ramo da fotografia sempre foi muito competitivo, e a Kodak foi uma das primeiras a entrar na área (George Eastman fundou a empresa e também foi o inventor do filme fotográfico). Dominante por muitos anos, a empresa resolveu não embarcar na área da fotografia digital, algo que lhe custou muito caro.
Com poucas inovações e incapaz de competir com outras grandes marcas do segmento, a Kodak acabou desistindo da fabricação de câmeras. A empresa não faliu ainda, mas está sempre lutando para evitar que isso ocorra. Hoje, ela trabalha com impressão e produtos voltados ao ramo do entretenimento.
10. Palm
Para finalizar nossa lista, temos a presença da ilustre Palm. A empresa conhecida por seus PDAs e celulares teve um rumo semelhante ao da BlackBerry. Ao insistir demasiadamente em recursos que não atraíam mais a atenção do consumidor, a companhia começou a perder notoriedade.
De vez em quando, a Palm surgia com alguma boa ideia, inclusive quando lançou o sistema webOS que era recheado de promessas (que hoje é utilizado nas TVs da LG). Em 2010, a HP acabou comprando a Palm, que estava à beira da falência por não ter acompanhado os demais smartphones e gadgets do mercado.
Um mundo muito concorrido
Como você pode ver, manter uma empresa tecnológica sempre ativa no mercado é algo muito difícil, principalmente porque é complicado prever as tendências e realizar os movimentos corretos. Poucas empresas de nossa lista realmente foram fechadas, mas algumas tiveram prejuízos significativos.
A verdade é que o consumidor é imprevisível e somente as fabricantes mais versáteis acabam tendo chances. Muitas companhias realmente foram cabeças-duras, mas nem sempre as ideias que elas tinham eram ruins ou foram os fatores principais que as levaram ao fracasso. Você sabe de outros casos semelhantes? Gostava de algum desses produtos que não fez sucesso?